Os trabalhadores de uma das fábricas chinesas que produzem os iPhones da Apple recebem, em média, US$ 1,82 por hora – cerca de R$ 7. Além de serem mal pagos, os funcionários são obrigados a fazer jornadas de trabalho exaustivas.
As informações são de um relatório do grupo de direitos trabalhistas China Labor Watch, que teve ajuda de 18 funcionários de dentro da fábrica. A organização acusa a Pegatron de violar a legislação trabalhista chinesa e ir contra as promessas da Apple de melhores condições de trabalho em uma de suas unidades fabris em Xangai.
A fábrica, que é considerada a segunda maior na linha de montagem do smartphone, conta com 70 mil trabalhadores. Desses, 71,1% trabalham mais de 60 horas semanais durante o período de maior produção, entre setembro e outubro, o que representa 12 horas por dia de segunda a sexta. Em torno de 84% dos funcionários chegam a trabalhar 80 horas semanais.
Apesar de a Apple exigir de seus fornecedores um limite de 60 horas de trabalho, os operários informaram que costumam fazer hora-extra pois os salários são muito baixos. Mesmo assim, nem todo o trabalho extra é remunerado da maneira certa; além disso, o governo chinês permite que os trabalhadores façam somente 36 horas-extra ao mês.
Segundo a CLW, a soma do salário dos 1,6 milhão de trabalhadores da cadeia de fornecimento representa apenas 2,6% da receita anual da Apple. “Esta pesquisa mostra que, para os trabalhadores chineses, a distribuição de lucro da Apple é antiético”, afirma o relatório.
Melhorias
A gigante da tecnologia tem tomado medidas para melhorar a transparência nas relações com os seus fornecedores. Porém, com sua estratégia de terceirização, a Apple trabalha com centenas de provedores, sendo que qualquer um pode violar as práticas de trabalho sem a companhia saber.
A CLW descobriu, por exemplo, que os gerentes da Pegatron enganam a Apple sobre as informações de que os seus empregados receberam 24 horas de treinamento de segurança exigido pela lei chinesa.
“As descobertas de CLW sugerem discrepâncias graves entre o que a Apple diz ao público e os seus investidores sobre as horas de trabalho dos operários que fazem os seus produtos e a realidade na linha de produção”, diz o relatório do grupo de direitos.