Um relatório revelou "condições ilegais e injustas de trabalho" em cinco fábricas chinesas que produzem utensílios de cozinha para grandes marcas estrangeiras, como o Walmart, Carrefour e Ikea, entre outras.
Segundo o relatório da organização China Labor Watch (CLW), os trabalhadores das fábricas carecem de formação adequada, incluindo sobre segurança, e não recebem o equipamento necessário para se protegerem de eventuais acidentes, apesar de lidarem frequentemente com metais e químicos tóxicos.
No documento refere-se ainda que os empregados são forçados a assinar contratos que não detalham os salários e que alguns foram multados por rejeitar trabalhar fora do seu horário de trabalho.
As empresas e fábricas subcontratadas "maximizaram os seus lucros à custa dos trabalhadores", indica a organização de defesa dos direitos humanos.
Outras práticas reportadas incluem retirar ilegalmente os cartões de identidade dos operários sem explicação - o que é ilegal, segundo a lei chinesa - e que algumas fábricas só contratam homens, numa opção que descrimina as mulheres.
Numa das unidades, os trabalhadores são sujeitos a exames médicos, visando excluir contaminados com hepatite, refere-se no documento.
E aponta ainda que os trabalhadores vivem em condições de pobreza, em instalações superlotadas disponibilizadas pelas fábricas, com entre oito e doze pessoas a dormir em habitações "sujas e pequenas", e dezenas a partilhar uma casa de banho.
Um dos casos dá conta de uma fábrica que dispunha apenas de seis duches de água fria para 200 pessoas.
O relatório foi elaborado entre março e junho de 2015 pela CLW, em colaboração com a organização Solidar Suisse, recorrendo a investigadores anónimos e entrevistas a trabalhadores de cinco fábricas.
Entre os clientes daquelas unidades de produção constam ainda a Macy's, Tupperware Cuisinart, Nuwave, Zwilling, WMF, Oppein, Russel Hobbs, Stanley Rogers, Bergner, Paderno, Greenpan e Kuhn Rikon, entre outras.
Em outubro passado, a CLW, que tem sede em Nova Iorque, reportou que numa fábrica em Xangai, que fornece a gigante norte-americana Apple, os trabalhadores fazem até 90 horas extra obrigatórias por mês, e recebem menos de dois dólares por hora.